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São João Crisóstomo: A "Boca de Ouro" que Defendeu os Pobres e Reformou a Igreja

 



Neste dia 13 de setembro, a Igreja Católica celebra a memória de um de seus mais eloquentes Doutores: São João Crisóstomo. Conhecido como a "Boca de Ouro", seu apelido não era um exagero, mas um reconhecimento popular à sua incomparável habilidade como pregador e orador, cuja voz ressoou em defesa da fé, dos pobres e da verdade.


De Jovem Orador a Monge no Deserto

Nascido em Antioquia (atual Síria), por volta do ano 347, São João já na juventude demonstrava um talento extraordinário para a retórica, causando admiração com suas declamações e intervenções. Contudo, seu coração buscava algo maior. Após um período vivendo como monge, primeiro em sua própria casa e depois no deserto, ele foi ordenado sacerdote, e foi aí que seu dom para a pregação começou a transformar vidas. Seus sermões não eram apenas peças de oratória, mas poderosos chamados à conversão. Para São João Crisóstomo, sua primeira obrigação era o cuidado e a instrução dos pobres. Ele jamais deixou de clamar por eles em suas pregações, incitando o povo à prática da esmola como um dever cristão fundamental.


O Arcebispo dos Pobres e da Reforma em Constantinopla

Consagrado arcebispo de Constantinopla em 398, São João não se deixou levar pelo poder ou pelo luxo. Pelo contrário, empreendeu uma profunda reforma no clero e nos costumes da cidade. Ele esvaziou o palácio episcopal de toda ostentação, ordenando que as cortinas e objetos de luxo fossem vendidos e o dinheiro revertido em roupas e auxílio para os necessitados. Com autoridade e exemplo, exigiu que seus sacerdotes e monges vivessem a pobreza evangélica no vestir, no comer e em seu mobiliário, ensinando que a verdadeira riqueza da Igreja está na caridade e na santidade, não nos bens materiais.


Zelo Apostólico, Perseguição e Legado Eterno

A eloquência e o zelo de São João Crisóstomo levaram à penitência inúmeros pecadores e converteram muitos idólatras e hereges. Ele também dedicou suas energias à fundação de comunidades para mulheres piedosas, como a liderada pela nobre Santa Olímpia, e pregou incansavelmente sobre a importância da oração e da comunhão frequente. Sua pregação corajosa, que denunciava os vícios da corte imperial, atraiu a inimizade da rainha Eudóxia. Em uma conspiração com o bispo Teófilo de Alexandria, ela conseguiu que o santo fosse banido por duas vezes. No último e cruel desterro, debilitado pelas condições da viagem e pela brutalidade dos soldados, São João Crisóstomo faleceu em 14 de setembro de 407. Suas últimas palavras ecoam como um testamento de fé inabalável:

“Seja dada glória a Deus por tudo.”

Em 1909, o Papa São Pio X, reconhecendo seu imenso legado, declarou-o oficialmente "Patrono dos Pregadores".

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